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Agronegócio

UISA e Geo unem forças na área de biogás em MT

01/02/2022

Com aporte previsto em R$ 220 milhões, planta que usará resíduos da agroindústria da cana será construída

Por Camila Souza Ramos - Valor Econômico

A sucroalcooleira UISA, controlada pelo fundo CVCIB, e a Geo Biogás & Tech estabeleceram uma joint venture para levar para o Centro-Oeste a tecnologia do biogás, que pode ser destinado à geração de energia, à oferta de GLP ou para a destinação de biometano à indústria. As duas empresas erguerão, no parque industrial que a UISA tem em Nova Olímpia (MT), uma planta que usará resíduos da agroindústria da cana. A previsão é que o desembolso seja de R$ 220 milhões.

A Geo terá 51% de participação na nova companhia - a UISA Geo Biogás -, e a UISA, 49%. Os sócios aportarão entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões do capital necessário para o investimento, e o restante será levantado com financiamentos. O cronograma prevê a construção por até 18 meses e início das operações em janeiro de 2024.

Esse é o quarto empreendimento que a Geo realiza com uma usina de cana. A empresa tem parcerias com Raízen, Cocal e com a cooperativa paranaense Coopcana, somando investimentos de R$ 451 milhões.

Para a UISA, a parceria “encurta” a distância em seu objetivo de se tornar uma “biorrefinaria” em Mato Grosso. Além da usina de cana, a UISA já tem uma planta de cogeração a partir do bagaço da planta. O biodigestor que será construído com o novo sócio permitirá uma destinação de seus resíduos industriais, como vinhaça e torta de filtro, e também agrícolas, como palha da cana.

A planta deverá ser expandida em uma segunda etapa, quando poderá incorporar outras tecnologias, como a produção de metanol, amônia verde e hidrogênio verde, produzidos a partir do biogás. Na primeira fase, o biogás poderá ser utilizado para a geração de 32 mil megawatts por hora no ano (MWh/ano), capacidade que será dobrada na segunda fase. O projeto também prevê a produção de 10,2 milhões de metros cúbicos de biometano ao ano, e de 23 milhões ao ano na segunda etapa.

Para José Fernando Mazuca Filho, CEO da UISA, o caráter de “economia circular” do projeto pode ser um chamariz para fundos interessados em financiar projetos de “agricultura de transição” e de baixo carbono, além de bancos de fomento.

E os sócios têm planos mais ambiciosos. Eles pretendem utilizar materiais orgânicos não só da própria UISA, mas também de terceiros. “Os resíduos podem ser de frigoríficos, de fábricas de biodiesel ou qualquer outro que não tenha um destino nobre. O processamento no biodigestor inclusive melhora”, afirma Alessandro Gardemann, CEO da Geo.

Segundo Mazuca, já foram mapeados, em um raio de 200 quilômetros, vários frigoríficos de carne bovina e suína, além de plantas de biodiesel e silos, que também geram resíduos e, assim, poderiam contribuir com matéria orgânica.

A expectativa do executivo da UISA é que a planta acelere a descarbonização de Mato Grosso, evitando a liberação na atmosfera de metano de outras empresas. Além disso, a unidade garantirá oferta de gás em uma região deficitária da matéria-prima, o que pode atender demandas já existentes e atrair novos consumidores, como indústrias.

“A agricultura brasileira é muito dependente de energia, especialmente em Mato Grosso. O diesel vem do Norte, via Miritituba, ou de São Paulo, via Rondonópolis. Essa planta é uma possibilidade de acelerar o processo de descarbonização no meio de Mato Grosso”, diz Mazuca.

A UISA terá direito de preferência para adquirir o biometano da joint venture, caso busque substituir o diesel de sua frota agrícola. Para Gardemann, o mercado mais maduro para receber os produtos da nova indústria deverá ser o de GLP do Centro-Oeste.

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